A CEE da Pessoa em Situação de Rua realizou na primeira terça-feira do mês de Setembro mais uma reunião pública. O tema em questão foi as dificuldades encontradas que as três casas de passagens que foram inauguradas tem enfrentado com a população.
Três casas, localizadas em diferentes bairros da cidade, tiveram sua gestão compartilhada por três instituições após uma nova licitação de serviço. Foram relatadas situações de ameaças e violência contra os trabalhadores e abrigados dessas casas, o que levanta preocupações.
Na ocasião, o irmão Marcos que representa a Casa de Passagem Santa Therezinha, relatou que um dos desafios que precisam ser enfrentados é a integração da comunidade com as casas, e que já existem conversas com lideranças dos bairros para buscar essa aproximação.
A resistência enfrentada é fruto do preconceito, que ainda é um problema a ser enfrentado quando o assunto são Pessoas em Situação de Rua. “Ninguém aceita ser chamado de preconceituoso mas o principal problema é o preconceito (...) essa foto do dia 14/07, uma mobilização para fechar um projeto que ainda nem foi aberto. Então como pode falar que é por um problema que tá acontecendo, sendo que o serviço nem tinha sido aberto? O serviço nem estava funcionando e o pessoal já estava se mobilizando por causa de problema que tava acontecendo! (...) Se isso não for preconceito eu não sei o que que é.”
Além disso, relatos de agressão e ameaças tem sido frequentes na Casa, que fica localizada no bairro Tanquinho.
“Um morador do Bairro arremessou uma lata de cerveja no portão da instituição, pois encontrou essa lata na frente da casa dele. Agora, será que ninguém joga latinha de alumínio jogado na rua? Ele encontrou uma lata jogada na rua, deduziu que era dos meninos, foi lá, arremessou a lata contra o portão, contra a gente, e ainda proferiu ameaças”, relatou irmão Marcos.
A comissão de Direitos Humanos da OAB esteve presente na reunião, representado pelo presidente Dr Douglas Marques, que comentou sobre a preocupação com a violência contra os pobres, em particular nas casas de acolhimento.
Ele destacou a necessidade de transformar essa hostilidade em hospitalidade e menciona exemplos de comunidades que mudaram sua perspectiva após a instalação dessas casas. O autor também menciona a importância da educação nesse processo.
A Secretaria de Assistência Social também esteve presente e relatou que casos como esse são apresentados em outras Casas também.
“A gente precisa esgotar esse assunto para também conscientizar as pessoas, porque todo mundo é responsável por ela. É outro equívoco, que a maioria das pessoas têm, é de que só o Poder Público é responsável pelo atendimento. O país é feito por todas as pessoas. Para que a gente consiga desenvolver qualquer tipo de atendimento que seja adequado, todo mundo precisa entender qual é o papel de cada um nesse processo, então a gente está falando de processo de cidadania” relatou Larissa Melo, representante da SEMAS à CEE.
Segundo vereador Zerbinato "é preciso trabalhar na educação e conscientização da população sobre essa questão. Somente assim o preconceito vai ter fim. Essas pessoas que estão em casas de passagem precisam de acolhimento e de ser incluídas na comunidade, não o contrário." afirmou.
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